REMANSO

Fiz meu ninho

Minha casa

Conforto em teu peito

Encontrei

Essa calma como aurora

Entardecer lento

Uma beleza sem tempo

Descansou o silêncio

Amorteceu a dor

O passado como parábola

Para o agora navegar

Estes seus braços

Não tão seguros

Me prendem na liberdade

Que me proporciona

E eu crio asas

Nestes pés

Que te procuram

Entre sonhos

Músicas, poesias e papéis

A memória é meu refúgio

Nas noites em que não posso te ter

Tenho felicidade

Desta memória tua

Não envelhecer

Mesmo que eu a perca de vista

A retina já foi afogada

Nesta tua profundidade

Onde ainda aprendo a nadar

Onde por vezes me deixo afogar

Mas não quero

Não quero mesmo

Chegar a margem

Chegar ao outro lado seco

Chegar ao fim

Deste teu leito

Onde me embebedo

Me banho

Navego

E sou peixe

Nas tuas águas claras

Derramadas nas manhãs Nas tarde e ainda mais fortes nas madrugadas

Quando me ponho a prender o fôlego

Para mergulhar na tua vastidão

O teu infinito

Que me atravessa

Que percorre

E inunda de prazer e glória

Deixarei que me alague

E que nunca toque os dedos

No solo infértil da realidade

Onde é proibido te amar!

Maria Mariane
Enviado por Maria Mariane em 29/12/2018
Código do texto: T6537855
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