Reencontro

Longos dias, semanas, meses, alguns anos..... No começo, o tempo passa lentamente. Logos depois, repentinamente o mesmo tempo vai se esfregando violentamente por entre nós, tudo muito rápido. Nas nossas vidas, cicatrizes, marcas, vestígios de dores, sofrimentos, lamentos.

O sentimento escondido, fechado como se em uma caixa estivesse, escurecido, abandonado. Em poucas horas a caixa reabre-se. A mulher já desiludida, amargurada com as feridas passadas, olhava para aqueles olhos negros, fitava-os como se quisesse ler alguma coisa... Foi um reencontro, inesperado ou tão esperado. Naquele momento sua sabedoria e todos os seus planos foram emudecendo-se, não sabia ao certo o que sentia e nem mesmo o que diria.

Nos primeiros minutos foi confuso... Depois intenso. Um abraço demorado... no meio, apenas um silêncio.

As palavras confortavam, amigavelmente, o peito. O coração batia normalmente. Estava tranquilo, havia serenidade no momento, algumas trocas de olhares, por segundos, pareciam tão apaixonados como antigamente.

Duas pessoas sem saber o que dizer direito, almejavam um reencontro. Nada muito por dizer, não havia mais necessidade de explicar. Tudo que se queria era conhecer-se novamente, olhar, abraçar, sentir e beijar.

Aquele beijo... sabor do amor reprimido....

Não estavam atrás de beleza.... só queriam saber o que sentiam.

Amor perdido pelas tragédias vividas.

Amor que descartado pelas circunstâncias opostas aos desejos.

A mulher sentia aquilo intensamente... Ainda confusa.... Mas sentia.

Algumas horas depois, seguidas de muitos beijos apaixonados, lá estava ele, ela o enxergou, ele estava de volta. O encontrou no meio da carcaça diferenciada. Desejou-lhe, boas vindas, nada havia mudado, apenas seu aspecto físico. A aceitação a surpreendeu.

Ele ousou-lhe prometer outro encontro. Sem datas, ou qualquer tempo definido, como nunca houve. O que existe, nesse instante, é o amadurecimento dos amantes. No fundo, sabem que podem não se verem mais, a separação foi um simples abraço, alguns beijos rápidos... e o mundo a esperar.

Nada parecia uma comédia romântica vista em filmes, não havia um buquê de flores, muito menos uma última tentativa na hora do embarque.

Mais uma vez, tudo fica a mercê do tempo.... há esperanças em se verem, na busca por um novo conforto, querem estar nos braços aconchegantes um do outro.

Ainda não sabe, se amor existe, um sentimento de carinho e perdão tomou-lhe conta... pensamentos vagos, queria um pouco mais de tempo para entender... talvez alguns dias, algumas semanas, era impossível de ocorrer.

Agora em seu ninho, um tanto confusa, não sabe se quer continuar, não sabe se deve tentar... como dizia Lulu Santos: “mesmo querendo eu não vou me enganar, eu conheço seus passos, eu vejo seus erros. Não há nada de novo, ainda somos iguais.”

Talvez seu erro seja querer estar seu lado, como se só isso bastasse, mas era tudo que queria.

Felicidade ou morte? Não sabem. A empatia do momento deixa mais marcas, o som do olhar é suave, doce.

No céu, as altura pôs-se a pensar.... Não haverá mais desventuras... Só amor para dar.

SILVIA F SOUSA
Enviado por SILVIA F SOUSA em 28/12/2018
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