O Convidado
Estão rabiscados na tela do tempo
Os traços que ora adormeciam
E tatuado no rosto a esperança
Dos sonhos que se projetou um dia
Conservando o desejo esquecido
Na indignação de uma teimosia.
Renovam-se as manhãs de primavera
Com o brilho do sol a aquecer
Embalando a alegria da aurora
Como enfeite de um novo amanhecer
É tempo de limpar todas as gavetas
Para o novo tempo que está para nascer.
É tempo de fazer uma faxina geral
Afinal, o depois pode não existir
Chega de manias sem sentidos
A poeira faz mal, pare pra refletir
É hora de limpar todo o armário
Para que dele o mofo possa sair
Os tempos de outrora se passaram
E novos sons estão vibrando
Jogue foras as roupas rasgadas
E em outro tecido vá costurando...
Comece pela modelagem
Que tudo irá se transformando.
Com o ambiente limpo e aromatizado
É tempo de abraçar e de amar
Deixe a porta da casa aberta
Para que o convidado possa entrar
Ele vem trazendo a esperança
De quem anseia recomeçar.
Antonia Albuquerque