ULTIMA FASE?

Estava eu em Atlântida quando o mar a engoliu, bem depois em Pompéia quando as cinzas do Vesúvio à sucumbiu.

Vidas viradas pelo pó da estrada, nas páginas do que acredito, livro bendito, que me conduzira aos confins dos sonhos, onde bruxos me alimentavam de sabedoria.

O esquecimento se faz no alicerce dessa transição, vida pós vida e o perdão nos é oferecido como um bônus, que repassamos instintivamente.

Estou porém aqui agora a quase seis décadas, nessa passagem progressiva de um mundo de sombras e aparências, como bem definia Platão.

Na medida que envelheço vou pagando o preço, de não ter me arriscado mais, de achar que minha juventude fosse eterna, como tantos outros “eternos” que estão por ai com seus smartfones de última geração.

Tive tão pouco que o fogo consumiu numa rapidez incrível, prêmio pela divisão quando todos me sugeriam a somar, ignorei para não chorar.

A verdade é que a terceira idade de fato me chegou e não sei o que fazer com ela, me aterroriza esperar por gentileza sem que essa venha de bom grado e não algo que tenha que ser lembrado.

Prioridade prá mim nunca foi prioridade, nunca quis ser o primeiro, tão pouco o derrradeiro.

Achei que estaria pronto para quando ela chegasse, ledo engano, é como o prazer que nos aguarda desperto e a gente simplesmente cai no sono, até que dele nunca mais acorde.

Itamar Fernandes

Itafernandes
Enviado por Itafernandes em 19/12/2018
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