Vida
Dia normal, manhã nascendo.
O bebê chora e passando, ouve.
Irracional
Abandonar um pedacinho seu
Até imoral
Não quero, jogo fora
Um problema, um incômodo
Uma vida.
Gente é coisificada
Vidas facilmente interrompidas
Nesse mundo sem amor
Uma criança na rua largada
A família tão desvalida.
E a vida sem ser vivida
Dessa forma sem forma
Sem jeito nem prazer.
Um até contorna, supera
Outro não sabe o porquê
De sua existência tão desmedida.
E o “não” vai assim
De mente em mente
Abrindo e fechando
O “nao”, mais que marcante
Uma força que também levanta
Fortalece, desafia.
Mas o que me desmonta
Ainda hoje em dia
É ouvir “filho dos outros”
Ocupando o lugar da compaixão
Como se maldade viesse no DNA
E educação nascesse do ventre
Deitasse no berço comprado
E o fracasso assinasse o verso da adoção.
Se de sangue ou do coração
Filho mesmo, só pra quem ama
Ou é capaz de amar
Doentinho ou sadio
Se você é quem cria
Educado ou arredio
O filho é seu.
Egoísmo só querer se gerar
Quando na verdade
O amor não nos vem
Nutrindo como um cordão
Vem da alma, salta os olhos
Invade o coração.