Peixador

Queria entender os pescadores e peixes

Sempre nadaram em direção do sacrifício

Quando se lançam as redes e anzóis

De longe parecidos com lençóis

Parece um sonho mas é apenas um oficio

Uma luta sem fim pela sobrevivência

É o que move quem tem mais carência

Queria saber quem são seus pais

E seus irmãos, tios e sobrinhos

No emaranhado de caminhos e pesares

Nos mangues, nas marés, nos mares

Abandonados ficarão sozinhos

Oh espada, não usarás seus fios afiados

Largando seus filhotes para serem pescados

E vocês, anchovas, que atacam as sardinhas

Mas esquecem as bocas nas iscas com linhas

Me responda cação que tem primos temidos,

tubarões famintos, quase nunca são pescados

Não protegem os pargos do seus inimigos

Mas alimentam os homens com seus afilhados

E o linguado no cardume com o galo

Nem liga pra garoupa que não tem namorado

Oh tainha bela, sardinha, xareu

Num passeio com as manjubas são fisgados

Quem são seus pais e mães, coitados

Será que esperam em vão os filhos amados?

Nunca sabe se voltam e culpam sempre

O mar traíra porque revoltados

Não tem um olho de boi atento

Ate sargento quando o lodo revisa

Acaba preso nos puçás de ventos

O cinzel cortante e a linhada escraviza

Prende pra sempre a corvina no anel do laço

Socorre o pampo mas morre a betara

Na armadilha salobra de cansaço

Ficou o ultimo bagre que restara

Tudo pra matar a sede e a fome

Dos filhos inocentes nas mesas dos homens

Dos seus avós trouxeram os costumes

O choro e abraço que sobrou dos cardumes

David T Garcia
Enviado por David T Garcia em 11/12/2018
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