DIGNA POESIA
DIGNA POESIA
Que dizer de ti,
poesia amiga,
que brota de mim a qualquer instante,
como onda que cresce,
se enrola, e após se desmancha,
atirando-se na praia;
molhando castelos de areia
feitos pela criança triunfante,
que se decepciona,
pela visão súbita da obra demolida.
Talvez brote de mim,
amiga poesia,
como onda que se forma sorrateira,
cuja intenção
é de espalhar o canto sedutor da sereia,
enquanto não vem a praia,
a qualquer hora
da noite tarefeira de brisa marítima
influenciada pela lua cheia.
Dizer de ti,
poesia amiga,
que sinto a agradável surpresa
do poeta aspirante,
que se encanta com os casos
contados pelos pescadores;
sem a suspeita
de que está por perto,
algum espirito habitante do fundo
do mar, a lhe soprarem
versos marinhos sonhadores,
que se dissipam
no canto da sereia cativante.
Mas te confesso,
amiga poesia, que fico feliz,
quando emerge de mim repentina,
qual sereia,
trazida pelas ondas
que se quebram na praia anoitecida;
aprecio de ti,
poesia amiga,
dentre as tuas inúmeras belezas
poéticas, a tamanha beleza
marinha que me fascina,
cujo mistério das coisas
permanece em Deus,
que sempre ilumina
a ti e a mim, digna poesia.
Escritor Adilson Fontoura