Primeiro poema
Fábio Costa
Lembro do peso do ar naquela tarde cinza.
Ainda, sinto os pulmões fracassando ao respirar.
Recordo a dor pulsante que paralisava o sangue
Impedindo-me de dizer o que estava a sufocar.
Sobrou-me, então, a Lettera 82 e um papel despido de razão .
Por que será que os poemas nascem em dias tristes?
Será a tristeza combustível para a produção?
Como posso, então, escrever sobre a alegria que incide
Em meus dias de penosa solidão?
Lembro do meu primeiro poema datilografado;
Registrado naquele rascunho fadado ao lixo.
A folha se perdeu, como muito em minha vida
Mas a memória daquele momento sempre viveu.
E se questionado for quanto ao meu poema
Direi das alegrias que ele me proporcionou.
É justamente nas entrelinhas
Que desfaço o cansaço e amenizo a dor.
Os dizeres dos primeiros versos eu não recordo,
Se era rima, se tinha métrica ou polidez...
Tinha sim um poeta em construção
E era dia cinza; marcado pela solidão.
E eu não chorei.
Transformei angústia em versos.
Papel de lixo em alcorão.
Fábio Costa
Lembro do peso do ar naquela tarde cinza.
Ainda, sinto os pulmões fracassando ao respirar.
Recordo a dor pulsante que paralisava o sangue
Impedindo-me de dizer o que estava a sufocar.
Sobrou-me, então, a Lettera 82 e um papel despido de razão .
Por que será que os poemas nascem em dias tristes?
Será a tristeza combustível para a produção?
Como posso, então, escrever sobre a alegria que incide
Em meus dias de penosa solidão?
Lembro do meu primeiro poema datilografado;
Registrado naquele rascunho fadado ao lixo.
A folha se perdeu, como muito em minha vida
Mas a memória daquele momento sempre viveu.
E se questionado for quanto ao meu poema
Direi das alegrias que ele me proporcionou.
É justamente nas entrelinhas
Que desfaço o cansaço e amenizo a dor.
Os dizeres dos primeiros versos eu não recordo,
Se era rima, se tinha métrica ou polidez...
Tinha sim um poeta em construção
E era dia cinza; marcado pela solidão.
E eu não chorei.
Transformei angústia em versos.
Papel de lixo em alcorão.