Gente humilde

eu não tinha o que comer

eu não tinha o que vestir

uma TV preto e branco

pra meus olhos colorir

minha mãe contando histórias

mode eu poder dormir

eu via o riso das pessoas

mode eu poder sorrir

os carros dos ricos passando

mode eu poder viajar

o telhado com goteiras

o chão de barro pra deitar

no colchão de molas velho

que quando eu virava

não parava de gemer

e eu gemia com ele junto

mode não poder chorar

senão eu ganhava pisa

para o choro sossegar

minhas calças com remendos

para poder passear

com o rabo do cachorro

indo pra lá e pra cá

nos caminhos de poeira

onde Judas se perdeu

as escolas são distantes

ninguém andou como eu

pra aprender o b a bá

você tem que pelejar

todos juntos na peleja

mode a vida jogar

eu não vim para perder

me perder para ganhar

quero ser um jogador

mode ninguém magoar

nesses cantos a humildade

é um canto sem encanto

quem é fruto da cidade

se belisca quando vê

essa gente tão humilde

diferente de você

Carlinhos Real
Enviado por Carlinhos Real em 20/11/2018
Reeditado em 20/11/2018
Código do texto: T6506836
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