Hoje não!
Não quero falar nem de amor, nem de desejo,
pois temo ser piegas e,
caso me falte material para os ensejos,
deveras me achem brega.
Os poetas sempre caem na mesmice, me perdoem,
mas me chateio quando só a dor e a lascívia persistem,
nos contos, nos versos e composições.
Quero muito mais, quero um rio de emoções.
Emoções que ultrapassem o imaginário,
que transbordem as linhas do paradigma literário,
que encarceram os animais que vivem em nós.
Queremos sair!
Grita em mim a liberdade ousada de interagir,
de tocar almas, incomodar, fazer rugir,
a ira que ao outro incomoda,
ou a felicidade que não encontra porta,
ansiando ao universo berrar: - Eis-me aqui!!!