Pássaro
Fábio Costa
Queria ser um pássaro.
Sei lá. Voar sem limites por aí.
Esbanjar o que o homem perdeu com a linguagem
A liberdade de ser o que se deseja.
Voar sem fixação.
Pousar sem obrigação.
Sentir o vento que refaz.
Falar é fastidioso.
Provoca ressonâncias diversas.
Encobre mais do que revela.
Voar, não.
O voo é livre. É solitário.
A palavra é prisão.
Condena o sujeito que tenta se livrar.
É paradoxo.
Ilusão.
Como não tenho asas me contento
Com meias palavras que algemam.
Com sílabas mal pronunciadas
E um universo de desentendimento.
Sei que não sou sem as letras.
Sem os sentidos, as frases e as deixas.
Sou palavra do Outro que me constitui
Mas queria mesmo é ser pássaro
Com ninho bem alto
Lá aonde a palavra não chega.
Imagem: Alessandra Biet
alebiet.blogspot.com
Fábio Costa
Queria ser um pássaro.
Sei lá. Voar sem limites por aí.
Esbanjar o que o homem perdeu com a linguagem
A liberdade de ser o que se deseja.
Voar sem fixação.
Pousar sem obrigação.
Sentir o vento que refaz.
Falar é fastidioso.
Provoca ressonâncias diversas.
Encobre mais do que revela.
Voar, não.
O voo é livre. É solitário.
A palavra é prisão.
Condena o sujeito que tenta se livrar.
É paradoxo.
Ilusão.
Como não tenho asas me contento
Com meias palavras que algemam.
Com sílabas mal pronunciadas
E um universo de desentendimento.
Sei que não sou sem as letras.
Sem os sentidos, as frases e as deixas.
Sou palavra do Outro que me constitui
Mas queria mesmo é ser pássaro
Com ninho bem alto
Lá aonde a palavra não chega.
Imagem: Alessandra Biet
alebiet.blogspot.com