ROSÁRIO DE ENCANTOS
VATE DELIRANTE
O vento bate
Nas procelas,
Acorda o vate
Que canta ,
Enquanto o navio gigante
Eriçando as velas,
Aponta no mar distante !...
Sereias saltitantes,
Golfinhos na linha imaginária
Do horizonte!...
Em meio à tempestade
Que não apascenta,
Canta o vate.
Prepara a lira!
Aguarda a brisa
Que cantando delira
Ao som plangente
Das ondas que quebram
Mar afora!
Poseidom amaina
A fúria do oceano!
Tudo delira !
Tudo é encanto e festa!
O sol empresta
Seu rubro raio
Que se multiplica
Na mais encantadora e rica
Junção de sois,
Clareando a terra!
Do céu, beleza aquela,
Painel, soberba tela
Do infinito!...
Tanto encanto
A lua encerra:
Beijando a terra,
Ondulado a praia,
A noite desmaia
No leito celeste tao bonito!
O vento
Gélido de maio
Assovia, solta a possante voz
Que ecoa
Por todo firmamento!
O vate entoa
Seu delirante canto!
INCERTO PORTO
Navio gigante,
Eriçando as velas,
No mar
Da vida trepidante,
Vai singrando
As águas profundas ,
Nas barafundas
De indomáveis procelas
Indômito transpondo,
Mares e oceanos do viver
Intrépido desbravando,
Sem saber
O porto a que chegar!...
ROSÁRIO DE ENCANTOS
Vate delirante,
De um cantar
Que é música
Somente a quem
Entende o marulho
Do mar,
Canto, ouço o barulho
Tao lindo, constante,
Suave melodia
À qual imprimo rima,
Que imprime
Delirio, ou sonho !
Que com tudo
Que belo rima,
Onde sois, luas, estrelas,
Constelações de encantos
No meu rosário ponho!