RICA MISÉRIA
O impropério que pratico
não é poesia,
nem mesmo o ato estilístico
é fruto dessa alegria
vocabular;
a fala humana
não é só mais insana
que o grito da baleia que morre no arpão,
a humana fala só não mais fundo cala
que a flecha cupídica no coração
prestes a amar...
O que exalo pelo grafite
não é poesia,
nem é bermuda de corpo magro,
são palavras esparsas que junto
dentro deste corpo sacro
que do espaço é oriundo...
O que uso como ar
para respirar
não é poesia,
é apenas oxigênio a encher os pulmões
para permanecer em estado de viva vivacidade,
é o óbvio dentro da carcaça
que a própria poesia ultrapassa,
na verdade...
Poesia é algo desconhecido,
é a parte interna do vidro
cheio de musgo e bactérias,
a poesia é a riqueza do poeta
e a sua miséria...