NEGRITUDE

Ah! Negritude, porque tanto me consomes? Porque tanto me causas preocupações? Ainda não te acostumastes a conviver com o diferente? Ainda te sentes presa as senzalas? O que causa horror a cor da tua pele?

Da África negra nascestes e ao mundo disseminastes. Negro nós todos somos. Porque tanto preconceito com a cor? A origem de todas as culturas, todas as religiões estão lá, na África, desde os primórdios da humanidade.

Ah! Os nossos Candomblés. Os nossos anjos, arcanjos e orixás. Nosso Pai Olorum, existe um Ser mais bondoso do que ele? Aquele que nos perdoa, nos ama incondicionalmente? Ah! Negritude.

Muitas vezes paro e fico a pensar: porque toda esta intolerância? Porque nos dividimos entre cores de pele se o sangue que corre em nossas veias tem em si a mesma origem? Afinal o tronco é um só, nosso Pai Olorum.

Quanta negritude destacou-se por este mundo afora? Martin Luther King, Malcon X. A nossa Antonieta de Barros mulher a frente de seu tempo, fez-se professora, escritora, jornalista, deputada estadual, diga-se primeira mulher e negra a assumir uma cadeira na Assembleia legislativa. Nosso poeta, querido Cruz e Sousa, o Cisne Negro que belos versos estes produziram em seu tempo e até hoje cantados em prosa e verso. Martinho da Vila defensor inveterado da cultura africana, Paulinho da Viola, Cartola, Pixinguinha e tantos outros.

E o que dizer de Zumbi dos Palmares, nosso eterno herói? Pois é diante destes fatos continuo a refletir: porque nós devemos ser diferentes? Nosso Pai Olorum nos deu a oportunidade de estarmos aqui para o nosso crescimento coletivo, nossa evolução sem opressão. Porque separação? Porque humilhação para quem tem coração? Axé meu povo.

Valmir Vilmar de Sousa (Veve) 16/10/18