O INCERTO

Eu não sou de grupo, não sou de “tribo”

Aquela unidade que se preencheu

Como um cavalo que repulsa o estribo

Talvez o maluco que subverteu

Uma natural desconstrução de modelo

Do imperdoável senso comum

Como um iceberg em avançado degelo

No universo do todo eu sou o nenhum

Um estranho da louca normalidade

Ou a certeza do corriqueiro engano

O abstrato de toda especialidade

Onde tudo é concreto me sinto de pano

A pessoa incerta no mundo “certeza”

Um castigado de tantas lembranças

O perdulário da triste avareza

envelhecido ainda criança

Um itinerante dessa estrada eterna

Instintivamente sou impulsionado

Acendo a fogueira em minha caverna

Me refazendo desse mundo agitado

Minha explosão é de questionamentos

Como pode entender um ignorante?

Um oceano em fúria de pensamentos

Nesse universo adverso e impensante.