EGOS INFLADOS - #PoesiaSim
EGOS INFLADOS
O celular nas mãos parece espelho
Onde a gente se mira e se remira...
Nas redes, nós que somos o pescado!
Deixando a solidão do amplo oceano,
Vagamos por aquários tão povoados
Que custa distinguir desconhecidos
Já de amigos, parentes ou colegas...
Tantos com liberdade presumida
Nos cercam de armadilhas ardilosas
No afã de desnudar-nos para o público.
Pura intimidação na intimidade:
Aqui e ali pululam falsos rostos
Com mentiras em série fabricadas.
Prontos para destruir reputações,
Apontam-nos o dedo, acusadores,
Céleres em mostrar nossas misérias.
Tenho visto que tais telas azuis
Mais servem ao monólogo distante
Em pilhas de argumentos descabidos
Que à honesta busca por debatedores...
Que dizer do Pinóquio que, raivoso,
Deslumbrado em ter voz só faz mentir!
Ou então d'aquela falsa desinibida
Que seduz para expor-nos à galhofa
Enquanto grava incautos em vexame?
Que esperar d'estes homens e mulheres?
Egos inflados de ávidas curtidas,
Preferindo posar de articulados
Não se furtam a andar como ignorantes
Enquanto fazem vir o infocalipse!
Betim - 19 10 2018