Fel e cicuta

Flores murcham, imploram socorro

Seca castiga, sol suga energia

Chuva não vem, tira o sossego

Degradação em massa, alimentam abutres

Fome não espera, maltrata corpo, maltrata mente, fere dignidade

Visibilidade nula, bolsa família, única opção

Muitas vezes o único alimento é a esperança

Planos futuros? Não perder para a fome

Esquecidos muitas vezes até nas estatísticas

Nem o IBGE não sabe das suas existências

Saneamento básico, que trágico, não existe!

Crianças brincam sobre lixo, esgoto a céu aberto

Mesa farta, só na ilusão de ótica, na miragem

A fome é inquilina da dor, é inquilina da sub-humanidade

Dai desprezo a quem tem fome, dai fel a quem tem sede

Terra batida, rosto abatido

O sol reflete a tristeza no olhar

O flagelo da fome insiste em permanecer

Vidas sofridas, humildade explícita

O sentimento é o mesmo que sal com pimenta penetrando em uma ferida aberta

Só serei feliz realmente quando mais nenhum ser humano passar fome

Creio que não vim a esse mundo para ser feliz!

ALDEMIR LAURENTINO
Enviado por ALDEMIR LAURENTINO em 08/10/2018
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