Fel e cicuta
Flores murcham, imploram socorro
Seca castiga, sol suga energia
Chuva não vem, tira o sossego
Degradação em massa, alimentam abutres
Fome não espera, maltrata corpo, maltrata mente, fere dignidade
Visibilidade nula, bolsa família, única opção
Muitas vezes o único alimento é a esperança
Planos futuros? Não perder para a fome
Esquecidos muitas vezes até nas estatísticas
Nem o IBGE não sabe das suas existências
Saneamento básico, que trágico, não existe!
Crianças brincam sobre lixo, esgoto a céu aberto
Mesa farta, só na ilusão de ótica, na miragem
A fome é inquilina da dor, é inquilina da sub-humanidade
Dai desprezo a quem tem fome, dai fel a quem tem sede
Terra batida, rosto abatido
O sol reflete a tristeza no olhar
O flagelo da fome insiste em permanecer
Vidas sofridas, humildade explícita
O sentimento é o mesmo que sal com pimenta penetrando em uma ferida aberta
Só serei feliz realmente quando mais nenhum ser humano passar fome
Creio que não vim a esse mundo para ser feliz!