O vazio condena ou inspira?
Queria eu poder dar motivos e fins as minhas ações.
Sem ser forçado a girar na roda da sorte.
Queria eu ser o agente da minha própria causa.
Mas eu navego na direção contrária. Eu só navego.
Sem pontuar razão ou destino.
Eu me inclino ao mundo e ele se choca a mim.
Que choque causal!!
Será eu navegador?
Será eu poeta enfraquecido?
Será eu vazio existencial? Ou minha própria causa?
Minha capacidade de agir é apenas existir. E quando escolho o vazio a decisão é minha.
Quando decido apagar a luz. O escuro é minha decisão.
Escute! Escute!
Escute, o barulho da onda se chocando à beira mar.
Tão serena!
Não deduz nada. Entretanto salienta o dom natural.
É no vazio que se nasce, é no mundo que se morre.
Como um pacto existimos no tempo. E no tempo consumimos nossas próprias causas, decisões e ações.
Na fatalidade o sentido nasce. No sentido que se transforma a realidade. Na vida é que se morre.
No vazio é que se move.
Quem dera eu filósofo fosse, para indagar tudo que escrevo.
Nem poeta sou pra rimar meus versos.
Eu sou apenas mais uma maneira de existir. Mais um que existe no seu próprio vazio.