Arrancaram-me tudo, mas eu lutei
Primeiro vieram os portugueses, arrancaram-me o ouro
Depois vieram os americanos e europeus, arrancaram-me as terras
Depois vieram os políticos, arrancaram-me a democracia
E assim vieram os homens, arrancaram-me os direitos
Depois veio a morte, arrancou-me a vida.
Mas antes de sumir eu gritei! gritei! gritei!
Para que minhas palavras lutassem
Para que meus versos chocassem
E arrancassem de vos a vontade de lutar.
Arrancaram-me tudo, menos a luta.
Arrancaram meu corpo, meu útero, meus seios
Cortaram-me o pescoço para que muda eu permanecesse
Covardemente tiros vieram em minha direção
Tiros de ódio, tiros sórdidos de raiva
Queriam me derrubar, queriam me arrancar do cenário social
Tiros vieram de todos os lados
Arrancaram-me tudo, menos a vontade de lutar
Meu escudo foi mais forte
Minha arma a mais limpa: Poesia! Poesia! Poesia!
Arrancaram-me a arte
Morreu um poema dentro de mim.
Mas a vontade de lutar... não jaz.