Muros

Um muro caiu

Quantos muros caíram ?

E palácios e reis e prata e ouro ?

Tudo sucumbiu

Assim por um triz

E o sol novamente brilhou feliz

Se um muro caiu

Quem construiu ?

Quem foi o pai dessa criança ?

Um muro caiu

Canhões e espadas

Aviões e granadas

Banquetes

Risadas

Comensais e orquestras

Pompas e aplausos

Delírios e tudo

De repente mudo

Acabou a festa

Caem muros-homens, reis não se levantam

Perplexos se espantam diante do sol

Deitados fitando aquele gigante

Nem perto por um instante

Conseguem tocar

São frágeis

São muros

A desmoronar

De concreto armado

De aço, blindados

São pouco amados

Muros a ruir

Querendo o mundo

O controle de todos

A posse das flores

Que ainda vão florir

Homens ferro e lata

Que o tempo carcome

Que sedentos têm fome

Do simples a sorrir

Homens dedo em riste

Que somem

Os Homens mais tristes que vi

homens-muros de Berlim

Homens que separam

Que mal se reúnem

Pouco educam e punem

Pra edificar

Não medem esforços

Cheios de incertezas

Homens fortalezas

Os homens muralhas

Quais de Jericó

Firmes e imponentes

Covardes valentes

Caem de repente

Só restando o pó

Carlinhos Real
Enviado por Carlinhos Real em 21/09/2018
Reeditado em 28/09/2018
Código do texto: T6455182
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.