Muros
Um muro caiu
Quantos muros caíram ?
E palácios e reis e prata e ouro ?
Tudo sucumbiu
Assim por um triz
E o sol novamente brilhou feliz
Se um muro caiu
Quem construiu ?
Quem foi o pai dessa criança ?
Um muro caiu
Canhões e espadas
Aviões e granadas
Banquetes
Risadas
Comensais e orquestras
Pompas e aplausos
Delírios e tudo
De repente mudo
Acabou a festa
Caem muros-homens, reis não se levantam
Perplexos se espantam diante do sol
Deitados fitando aquele gigante
Nem perto por um instante
Conseguem tocar
São frágeis
São muros
A desmoronar
De concreto armado
De aço, blindados
São pouco amados
Muros a ruir
Querendo o mundo
O controle de todos
A posse das flores
Que ainda vão florir
Homens ferro e lata
Que o tempo carcome
Que sedentos têm fome
Do simples a sorrir
Homens dedo em riste
Que somem
Os Homens mais tristes que vi
homens-muros de Berlim
Homens que separam
Que mal se reúnem
Pouco educam e punem
Pra edificar
Não medem esforços
Cheios de incertezas
Homens fortalezas
Os homens muralhas
Quais de Jericó
Firmes e imponentes
Covardes valentes
Caem de repente
Só restando o pó