DOS INFERNOS

Abrir os olhos

Acordar na penumbra da manhã

Um dia pesado, um dia puxado

Nas mãos brasas fumegantes

Palavras entediantes

Um sorriso que chora

Um tempo que não passa

Lamentos e desculpas

Dia de podridão

Nada está perfeito

Uma chama, um incêndio

Um amarelo que ferve nas veias

Não me queima

Mas incomoda

Nos ouvidos clarinetas

E pífaros no ranger dos dentes

Não, não estou contente

É um dia como os outros

Cruel, escuro e sombrio

Ir a diante, voltar para traz

Me esconder, não aparecer

Lugar algum me faz bem

E esse lugar que não me convém

É quente, é sórdido

É dos infernos

Não

Não posso sair

Tenho que aguentar

Esse dia maldito

Tentar ser fugaz

Não mais acredito

Sou eu, então, o próprio Satanás?

Paulo Roberto Fernandes
Enviado por Paulo Roberto Fernandes em 18/09/2018
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