DOS INFERNOS
Abrir os olhos
Acordar na penumbra da manhã
Um dia pesado, um dia puxado
Nas mãos brasas fumegantes
Palavras entediantes
Um sorriso que chora
Um tempo que não passa
Lamentos e desculpas
Dia de podridão
Nada está perfeito
Uma chama, um incêndio
Um amarelo que ferve nas veias
Não me queima
Mas incomoda
Nos ouvidos clarinetas
E pífaros no ranger dos dentes
Não, não estou contente
É um dia como os outros
Cruel, escuro e sombrio
Ir a diante, voltar para traz
Me esconder, não aparecer
Lugar algum me faz bem
E esse lugar que não me convém
É quente, é sórdido
É dos infernos
Não
Não posso sair
Tenho que aguentar
Esse dia maldito
Tentar ser fugaz
Não mais acredito
Sou eu, então, o próprio Satanás?