DAS ÁGUAS
(Por Érica Cinara Santos)
Vem e vai, vai e vem
Na areia batendo o tempo inteiro
É a suave coreografia do banzeiro
Das águas, o fluxo da vida que aqui se tem.
Nossas águas pulsam em nossas veias
Nossos rios são nossas ruas, nosso passo, nosso chão
E passam trazendo o compasso da embarcação
Que aporta sábia e suave ali na areia.
Traz a tua rede, pescador!
Deixe que ela repouse dependurada neste tão belo porto
Depois de tantos mergulhos nas águas de Iaras, de jaraquis e botos
Matando a fome do homem e alimentando a alma do trovador!
Ah, como é belo este cenário!
E quanto de mim carregam essas águas!
Quantas lembranças de alegrias e mágoas,
Foram lavadas e levadas, mergulhadas nesse elemento extraordinário!
E sigo ouvindo o balanço do embalo das ondas
Que molham minh’alma de poesia
Cuja cadência não carece de melodia
E me transportam a mim, a meu interior, às minhas demandas.
E seguimos de rio tingidos, Amazônidas
O que agora passa não é o mesmo de outrora
Já dizia Heráclito em sua metáfora esclarecedora
Somos o pescado e o pescador, paridos das águas e imersos na correnteza vida.