LABIRINTO
Crescemos e desaprendemos a gostar. Sufocados pela insistência de outrora. Vítimas de um caos que fundamentou-se no desprazer das distâncias. Nas correspondências que jamais foram seladas para envio.
E foram-se dias e anos. Foi-se a vontade, a disponibilidade e a certeza de que uma segunda chance resolveria. Fadados ao fracasso desistimos de pensar em lutar. Não importa mais. Tudo teve seu tempo e hoje não é necessário, pois as traças são os novos moradores daquele doce aconchego.
Fomos infiéis no dia a dia. Traçando rotas que não levaram a nada. Então nos perdemos num labirinto. A partir daí a independência foi o mérito de quem encontrou uma saída. Mesmo que tenha doido. Voar é maravilhoso, mas ter onde pousar é inexplicável.
Segundas chances podem ser segundas dores, segundas prisões, uma infinidade de segundas.
Podemos construir no mesmo pensamento do labirinto uma grande ponte. Se nossa psique é capaz de construir ódio, ela também pode construir paz. Certamente, levará mais tempo. Entretanto, ao menos disso podemos ter certeza.