LABIRINTO

Crescemos e desaprendemos a gostar. Sufocados pela insistência de outrora. Vítimas de um caos que fundamentou-se no desprazer das distâncias. Nas correspondências que jamais foram seladas para envio.

E foram-se dias e anos. Foi-se a vontade, a disponibilidade e a certeza de que uma segunda chance resolveria. Fadados ao fracasso desistimos de pensar em lutar. Não importa mais. Tudo teve seu tempo e hoje não é necessário, pois as traças são os novos moradores daquele doce aconchego.

Fomos infiéis no dia a dia. Traçando rotas que não levaram a nada. Então nos perdemos num labirinto. A partir daí a independência foi o mérito de quem encontrou uma saída. Mesmo que tenha doido. Voar é maravilhoso, mas ter onde pousar é inexplicável.

Segundas chances podem ser segundas dores, segundas prisões, uma infinidade de segundas.

Podemos construir no mesmo pensamento do labirinto uma grande ponte. Se nossa psique é capaz de construir ódio, ela também pode construir paz. Certamente, levará mais tempo. Entretanto, ao menos disso podemos ter certeza.

Ronaldo Crispim
Enviado por Ronaldo Crispim em 08/09/2018
Reeditado em 13/05/2021
Código do texto: T6443211
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