O QUADRO

O que trazes em tuas mãos?
Qual a razão
Desse semblante abstrato
O que nos apresenta?

Vejo o abismo assimilado
Na figura absoluta
Que a cada olhar
E a cada novo ângulo
Se transfigura

Sinto o amarelo
Resvalar-se no preto
Acomodando-se
Nos traços imprecisos
Que tangenciam o significado
Na minha memória

Peço-lhe o apreço!
Não o preço
Dessa simbólica arte
Que mesmo quando vista
Assemelha-se ao invisível
Traçando o intangível

Imagino a silhueta
De uma bela mulher grávida
Como a expressão exata
Da tua fecunda arte
Que anuncia o imponderável


(Homennagem ao amigo Geo, mágico do pandeiro, que junto o seu samba apareceu no BOTECO 31 trazendo uma obra de arte que acabara de adquirir)