Infância

Infância

Sobre o mundo?

Sei lá do mundo!

Sei que vezes sou só distância,

E que esta

vezes causa-me aparente dano,

Mas é tão bendita,

Pois faz-me liberto de tudo.

Não é liberdade agressiva,

Mas passos leves em sonhada paz.

Talvez delírio de velha alma,

Que descobriu a graça de ser criança.

Depois de tanto buscar,

Vislumbrou que tudo estava já no início.

Que o tempo é ilusão,

Mas foi necessário para criar grandes utopias.

E que não são os sonhos os culpadas das dores,

Mas o realismo duro que nos faz árido o espírito.

Qual vocação encontrar?

Qual utilidade ter?

Ora, sobre o mundo?

Talvez saiba algo,

Mas, com prazer,

Fingirei tudo desconhecer,

Pois que a graça está em certo mistério

E na aventura em torno do segredo.

E daí, se de repente tem-se algumas chaves?

Pois que guarde-as,

Que finja-se ocultá-las.

Talvez em alguma gaveta do coração,

Talvez em algum lugar inexistente,

Pois que o prazer de ser é mergulhar no lúdico,

É recriar a infância,

Pois só as crianças sabem ouvir,

Só os infantes conseguem ver,

E apenas por artimanhas,

Por pura peraltice.

É que fingem silêncio

E não desvendam os segredos

No articular da língua,

No sopro de vida

Que traz para o mundo

A voz do coração.

O mundo?

Ora o mundo!

Ele é tão grande!

E eu, comodamente pequeno.

Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 24/08/2018
Código do texto: T6428757
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