Infância
Infância
Sobre o mundo?
Sei lá do mundo!
Sei que vezes sou só distância,
E que esta
vezes causa-me aparente dano,
Mas é tão bendita,
Pois faz-me liberto de tudo.
Não é liberdade agressiva,
Mas passos leves em sonhada paz.
Talvez delírio de velha alma,
Que descobriu a graça de ser criança.
Depois de tanto buscar,
Vislumbrou que tudo estava já no início.
Que o tempo é ilusão,
Mas foi necessário para criar grandes utopias.
E que não são os sonhos os culpadas das dores,
Mas o realismo duro que nos faz árido o espírito.
Qual vocação encontrar?
Qual utilidade ter?
Ora, sobre o mundo?
Talvez saiba algo,
Mas, com prazer,
Fingirei tudo desconhecer,
Pois que a graça está em certo mistério
E na aventura em torno do segredo.
E daí, se de repente tem-se algumas chaves?
Pois que guarde-as,
Que finja-se ocultá-las.
Talvez em alguma gaveta do coração,
Talvez em algum lugar inexistente,
Pois que o prazer de ser é mergulhar no lúdico,
É recriar a infância,
Pois só as crianças sabem ouvir,
Só os infantes conseguem ver,
E apenas por artimanhas,
Por pura peraltice.
É que fingem silêncio
E não desvendam os segredos
No articular da língua,
No sopro de vida
Que traz para o mundo
A voz do coração.
O mundo?
Ora o mundo!
Ele é tão grande!
E eu, comodamente pequeno.