Sentença da Vida
A inflexibilidade da morte,
Acolhe em seu leito sombrio
Toda criatura!
Ensina , pois , lição tão dolorida:
Não adianta a posição
Social a que a pessoa pertença :
Se pobre, se na terra juntou tesouro,
Pouco vale do cidadão
Todo o ouro,
Pois no termo final à sua vida,
Não há batalha que vença
Para burlar a morte:
Vai para o sepulcro frio,
E nada levar a criatura!
A morte, mordaz, traiçoeira,
Parece zombar de quem amealha riqueza!...
E pensa porque possui dinheiro
Pode espezinhar o mundo inteiro,
Que nunca há de chegar sua hora derradeira!...
Mas, de repente,
Indiferente
Ao mundo que gira
Na carretilha devastadora ,
A dama sombria que habita
As catacumbas ,
Sua force mira!...
E de repente,
Tão de repente,
Lá se foi o poderoso ,
Pessoa que se achava imorredoura ,
Vivendo no vaidoso trono
De desenfreada ostentação
Para a fria sepultura,
Cumprindo inexoravelmente
Sentença da vida:
A morte
Acolhe todo ser humano
Em seu leito sombrio,
Impondo uma certeza :
É igualitária
A morte, a toda criatura!