DE OUTRO MODO
Fechei num baú tudo que me restou,
Nem a família escapou,
A vida como é vivida, não diz nada,
É uma grande maçada.
Toda a gente me mente,
É crónico e recorrente assim mentir,
Gente que é demente,
Insensível, passa a vida a se divertir.
E eu, sem fazer mal a ninguém,
Fico quieto no meu canto, não respondo,
Por saber que não sou um bem,
Com valor para ser arrumado, aonde.
Sou esquecido e preterido pelo vício,
Vítima da mentira fabricada,
Na fábrica que fabrica todo malefício,
Comida para mim queimada.
Setas de cupido envenenadas,
Vêm na minha direção descontroladas,
Esquivo-me para não me ferirem,
Tudo é patético, são fortes marteladas.
Não é o meu modo, é um outro modo,
Que surge por traição,
Cenas da vida que fogem ao controlo,
Temo pelo meu coração.
De outro modo passei a viver,
Nada me diz nada, nem a minha família,
Só comigo terei de conviver,
Na minha vida, assistirei a uma homilia.
Ruy Serrano - 23.08.2018