PEDRAS

Disse uma vez o poeta Drummond,

no meio do caminho tinha ela.

Aquela que desviamos ao saber,

por se ela o objeto da queda.

A cada tombo aumenta-se o espanto

por acharmos que não a toparemos mais.

As ruas mudam, os caminhos se estreitam;

Iguais à pedra passada, há outras demais.

Por não desistir do caminho incerto a percorrer,

Criamos a esperança de, pedras, não mais haver.

Valhe-me ele, de novo, quem há tempos ela narrou;

Tropeçar faz parte da lição de quem errou.

Sejamos pedras para o Outro, de nós, desviar.

Qual a graça dela se não, pela dor, nos ensinar ?

Ora dores causadas, ora dores sofridas,

Se de pedra a vida fosse feita haveria só feridas.

Saibamos conceder gratidão a quem, de obstáculo, nos serviu.

De que valeu a pedra se da inércia não te desincumbiu?

Sem rancores, sem alimentar inútil amargura;

Cata a pedra que um dia lhe instigou bravura.

11:56h 16/08/2018.

Maisalobo
Enviado por Maisalobo em 17/08/2018
Código do texto: T6421961
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