IRRECONHECÍVEL
Sentei na minha cadeira de balanço
E observei à minha frente
Um velho homem de rosto manso,
Mas, no entanto, descrente.
Pensei: quem daria atenção
Para alguém de ultrapassado assunto?
Sem mobilidade, sem reação...
De muita idade, porém parece mais um defunto.
Analisei aquele idoso
Senti pena até.
Parecia desgostoso
Olhava sempre para o pé.
Ninguém se aproximava...
Era triste e solitário.
Os seus olhos, fechava.
Talvez esperando um solidário.
Imaginei! Esse velho deve ser malvado!
A vida toda arrogante...
Por isso, hoje desprezado.
E no seu rosto essa tristeza tocante.
Depois de muito observar
Acordei-me! E percebi um espelho
Aquele que me fiz julgar
Era reflexo. Aquele velho era eu.
Luciênio Lindoso.