Ciclo dos Afetos

Um colo de mãe, sim, eu preciso,

sem fim e sem fundo, onde eu possa despencar,

tropeçar de propósito e nunca mais voltar,

quem sabe me afogar no amor materno,

de leite terno e de gosto eterno

de vida em paz... então existe um lugar perfeito...

Engraçado.

Existem mulheres com quem a gente quer passar o dia inteiro...

Passar os dias da semana, assim de janeiro à janeiro,

num tempo que encolhe e enxuga tudo.

E não sabemos exatamente o porque,

não sabemos o que está acontecendo e isso nos intriga.

Chega a ser uma doce confusão, ausência crua de razão,

um incêndio detectável mas que ninguém coíbe.

Mesmo cientes do desastre... quando se vê já aconteceu.

Olhe agora o que já foi zigoto...

Este tamanho amor de pai, hercúleo, voraz

De jeito nenhum ele cede.

Como pode bater um coração tão minúsculo, tamanho de um grão.

O meu e o dele, juntos cada qual no seu peito,

senão o mesmo peito...

Epílogo

Como pode este velho que vos fala ser tão tolo?

E o amor atropelar como um rolo, assim sem mais

Como pode ser de um “A” tão maiúsculo o afeto,

tudo, tudo fica imensurável ao embalar um neto.

Dos amores talvez os últimos. E lateja suave ...

Ricco Salles
Enviado por Ricco Salles em 08/08/2018
Código do texto: T6412676
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