O CAMPANÁRIO
Francisco de Paula Melo Aguiar
Do alto manda Deus
Fazer reflexão...
Do baixo manda Zeus
Trabalhar para ter o pão.
Da praça da matriz
Saber a noticia do dia...
Ouvir o que o povo diz
Coisa de mexerico, desídia.
Do cardápio da vida alheia
O algoz diz o que quer...
Nada sobra, coisa feia
Intriga e malmequer.
O campanário da matriz
Chama os fiéis para missa...
Casa de oração e diretriz
Gente forte na fé, premissa.
Tem gente que assiste
Tudo sem tirar o olho...
Enquanto outro desiste
Mente ausente, entrefolho.
O coração operário se parte
Como paralelepípedo ...
Ao receber o salário, se reparte
Entre a fé, oração e medo.
A Deus se pede tudo
Nada se paga de salário...
Trabalho e pão, amiúdo.
E o silêncio do campanário.