Fugaz

Fugaz

O que é o tempo, senão um ditador atento?

É a areia que escorre por entre os dedos?

É aquele que determina as horas e dias

Que se esvaem como o vento?

E quem sou eu diante do tempo e meus medos...?

Do amanhecer ao ocaso,

Ditou regras repetidas do curso de minha vida.

Determinou partidas e chegadas,

Desvios e estradas, encontros e despedidas.

Empobreceu meus anos sem dó,

Enrugando meu rosto e

Indicando o caminho de volta ao pó.

Inexorável, implacável, imparcial,

Esse feitor não diferencia com quem lida.

Estalou repetidas vezes

O chicote em minhas costas,

Como o ponteiro ditando as horas.

E, nessa Babilônia diária,

Onde os olhares sem vida contemplam mídias e medos,

Deixei para traz os filhos que não curti,

Os filmes que não vi, beijos e segredos.

Corri a frente do tempo,

Crendo que juntar era tudo,

Para uma vida tranquila. Que vida?

Mas esqueci que esse menino malvado,

Não envelhece, apenas eu.

Incauto me escravizei,

Ignorando preciosas horas,

Achando que as podia reter,

Justo o que não era meu.

Hoje velho, contemplo meu humilde tesouro,

Mero ouro de tolo,

Não há com quem dividir.

Minh’alma não quer mais ficar,

O corpo deseja partir.

Rose Paz

Rose Paz
Enviado por Rose Paz em 01/08/2018
Código do texto: T6406908
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