(...) Reticências (...)
A voracidade do pensamento marginaliza a alma, que vai atrofiando aos poucos. É um estado de absoluta concentração, onde um barulho sequer causa um desdenhoso ser. É como uma pedra brusca e ao mesmo tempo frágil sendo lapidada, que aos poucos vai ganhando forma, vai ganhando admiradores.
É um percurso sem caminhantes, é um sonho sem sonhador.
É uma madrugada tensa, calorosa, que vai passando numa melodia suave, que faz gozar do prazer de estar num lugar inabitado. É um mortal sentimento que vai esgotando, esvaindo. É como uma flor que de tanto admirada, ao murchar, perde os elogios e os “vislumbradores.”, passando de amor a dores.
É um inusitante contraste entre o ser e o “des(ser)”, o crer e o des(crer).
É um entorpecente da alma, um anestesiante das dores, é uma cicatriz para lembrar de que tudo foi real, fruto da existência de algo inexistente.