SEM RESPOSTA
Quem sou eu?
Diga-me você, que me lê,
me ouve entre os nervos das palavras,
será que sou o desejo de religar
ou apenas da cerejeira uma lasca?
Quem sois vós,
que passa devastando planícies
e torcendo as pernas dos arbustos,
será que sois a inquieta veste do verbo
ou apenas o estupor vindo do fundo do susto?
Quem somos nós,
senão os algozes da natureza
ou os salvadores de quem sente dor
que se espalha e devora inocentes
enquanto brincamos de fazer amor?
O que é tudo
se não uma pergunta
que jamais terá resposta
um filósofo arguto
que tudo ajunta
e à tudo dá as costas?