REFLEXÕES III

Existe no amor uma verdade que desconstrói nossa mentira íntima. Pois em nós sempre existe um pouco de inverdade, mesmo que essa inverdade não signifique nada apenas somente amor. Tendo esse vazio suplantado todo o nosso querer, minguamos pouco a pouco, num precipício de ilusões e de teatro melancólico. O amor se encontra na verdade encarada com coragem de sermos o que realmente precisamos ser. Tudo se mostra oculto. A verdade nunca é invocada para abrandar a nossa dor e o medo e todo o receio declina na nossa alma em formato de lágrimas da amargura. Doravante temos muitas águas para nos afogarmos numa imensidão de covardia nua e sem escrúpulos. O amor é a vontade mais honesta que uma pessoa pode demonstrar, vai o amor além do místico e do mistério, é essência do pecado desejado por todos e para todos. Somos entidades do avesso. Somos criaturas com falta de carinho no empedrado coração. Somos a música que os anjos esqueceram a letra, nisto somos privilegiados, porque nesse réquiem muitas feras dormem o sono dos culpados. E esse sonho de que tudo será uma fantasia é ridículo. Ou mesmo na esfera do sobrenatural tudo se transmuta um jogo de cartas de naipes repetidos e rasgados pelo futuro. Pois o amor não escolhe vítimas ele embebe o seu sangue e cospe no lodo de si mesmo. O amor é uma arte, mas essa arte está ficando louca, querendo reviver na enfadonha poesia de quimeras e tristezas muita ilusão e pranto, mesmo que justa beleza inexista na poesia resoluta de emoção o amor é a força mais potente da natureza. És o prazer sensual e a verdade que nua se martiriza e morre. És o pecado dos autores da vida e tens em si mesmo muita fama ó amor, se entrega a paixão e desfruta da mentira uma fábula humana e, porque não cômica pra novas gerações de cadáveres enamorados? Nesse festim de uma apoteose falida desfrutaremos da razão insana e dessa epopéia de muitos corvos da falsidade filosófica confessaremos as multidões, eu ainda existo, sou o afã delírio dos mesmos que relutam em me conhecer, o mesmo, amor, e nenhuma nova ventura da vida que diga a mim mesmo: Eu te amo.