SOLIDÃO E SILÊNCIO
A solidão priva-me de encontros externos, mas permite-me contemplar-me mais de perto.
O silêncio fala alto aos ouvidos da razão; que se aguçam quando suprimidas as palavras da emoção.
Multidões de palavras geralmente carregam em si verborragias inúteis que mais separam do que agregam. Mais expõem do que encobrem. Mais desunem do que congregam. Mais derrubam do que constroem.
Na falta do seu excesso, ouço cantar um estribilho. Da frugalidade dos lábios, encontra-se o equilíbrio.
No silêncio eu encontro as melhores palavras. Na solidão me descubro no infinito do nada. Escavando as ruínas das experiências da vida, percebo camadas mais profundas e limpas.
O silêncio forma muralhas onde os pensamentos ecoam. Reverberam e se propagam, e para a fala se aperfeiçoam.
Na solidão o silêncio se torna companhia; se torna confidente de palavras nunca ditas.
Na solidão o silêncio me aconselha e me diz o caminho a percorrer e o que fazer pra ser feliz.
Na solidão o silêncio jorra sua sapiência; distribui sabedoria e compartilha experiência.
Na solidão o silêncio grita a liberdade de um caminhar sempre sereno que estriba-se na verdade.