TRIBUTO A AUGUSTO DOS ANJOS

Desassombrado, " *eu e minha sombra magra"

sob o cipreste de viço do chão sepulcral,

vejo a fúnebre alfambra afoita e afiada

como passaporte por este ermo umbral.

Já trilhei a rota que tu, morte, não abranges,

de celestial luz rutilante e infinita

que te denuncia às carcomidas falanges

no fosso acre da nauseabunda cripta.

Pós a antropofagia dos vermes famintos

volto sem envoltório e sem instintos

para vida nova e íncola etéreo;

Pois, mesmo que por cem vezes ceifes-me a vida

C'oa morbidez que teu olhar intimida,

jamais sairás do fogo fátuo ao sidéreo.

Soneto alexandrino

Lobato de Andrade - Belém (pa)

* A. dos Anjos

Lobato de Andrade Iran Lobato
Enviado por Lobato de Andrade Iran Lobato em 20/07/2018
Código do texto: T6395454
Classificação de conteúdo: seguro