TRIBUTO A AUGUSTO DOS ANJOS
Desassombrado, " *eu e minha sombra magra"
sob o cipreste de viço do chão sepulcral,
vejo a fúnebre alfambra afoita e afiada
como passaporte por este ermo umbral.
Já trilhei a rota que tu, morte, não abranges,
de celestial luz rutilante e infinita
que te denuncia às carcomidas falanges
no fosso acre da nauseabunda cripta.
Pós a antropofagia dos vermes famintos
volto sem envoltório e sem instintos
para vida nova e íncola etéreo;
Pois, mesmo que por cem vezes ceifes-me a vida
C'oa morbidez que teu olhar intimida,
jamais sairás do fogo fátuo ao sidéreo.
Soneto alexandrino
Lobato de Andrade - Belém (pa)
* A. dos Anjos