RUA DO CERCADO
Francisco de Paula Melo Aguiar
Do cercado de arame é a rua
Pelo rio Paraíba
E rio Tibiri, o preto
Parou de crescer, tudo tem haver
Ver o presente revendo o passado.
Lá se fabricava tudo de barro
A profissão passava de pai para filhos
E de filhos para netos, bisnetos...
Cacarecos de toda forma,
Pote, quartinha, tigela, prato...
Filtro de água, caqueira,
Jarro, jardineira, fogão.
Chaleira, etc, e tal...
Jarra, prato, escultura
Boi, bezerro, vaca e cavalo.
Burro, galo, carneiro, bode,
Santo e santa de barro, bule...
Boneco, boneca e urinol
Homem, mulher e menino
De toda etnia, sem ser Vitalino.
O barro da rua do Cercado
Moldava tudo, menos sonho...
Dava também tijolo, telha e trabalho.
Toda casa era uma olaria...
Fábrica de porta aberta, alegria.
Gente de toda idade na labuta
Com sangue e suor todo dia
Fabricava de barro dinheiro
Tinha saúde...
Fazia o dinheiro da feira, sorria.
Ah! Rua do Cercado
Teus limites...
Avenida, rio, levada, cercado!
Pinguela de madeira
Progresso desrespeitado.