Não Sou Luz

 
Não sou luz; sou uma chama
Que teima em manter-se acesa
No limiar da incerteza.

Minha fé é meu  apoio,
Meu legado, nesse joio,
O que me mostra a beleza.
 
Noite escura, ventania,
Aguardo por mais um dia
Que se ensaia, no horizonte.

A língua estendida, espero
Receber dos céus o alívio:
-Muita sede, poucas fontes!
 
Não sou luz; sou esperança,
A flecha que alguém lança
A um alvo desconhecido.

O meu caminho é incerto,
Mesmo assim, de peito aberto,
Tenho errado e aprendido.
 
Amanhece nessa selva,
Pés desnudos sobre a relva,
Redefino meu caminho.

De onde eu vim, não importa,
Diante da nova porta
À morna luz que me aquece,

Eu agradeço à bigorna
E ao escultor, que cinzela,
Essa minha vida torta.











 
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 13/07/2018
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