Adolescente, sujeito de direitos?

De tantas coisas

tens sido chamado:

menor,

infrator,

inadequado.

Diz-se que és

sujeito de direitos

e não um objeto

a ser governado.

Mas teu verdadeiro nome,

"adolescente",

não é pronunciado.

O mito da oportunidade

municia o discurso

de teus supostos protetores:

Família,

Sociedade

e Estado.

Eles deveriam de ti cuidar

mas são os primeiros

a te abandonar.

Até quando serás

de tudo desprovido,

desencontrado?

E depois, punido,

por quem te deixa

desamparado?

Sempre foste invisível,

a não ser que sejas

investigado.

Teu conflito é com a lei,

que diz que precisas

ser consertado.

Prioridade absoluta?

Só das metas de abordagem

por “atitude suspeita”.

Ao existires,

do teu jeito,

és desde logo algemado.

És só um número,

uma estatística,

estás até faccionado.

Em uma guerra

que ninguém ouve,

vens sendo exterminado.

Teu destino anunciado,

desde o início, é morrer

ou ser aprisionado.

Até quando teus ditos protetores

estarão a encontrá-lo

já adulto

e encarcerado?

Este é um manifesto, um desabafo, sobre tudo que tenho presenciado na esfera dos direitos da Criança e do Adolescente, em que tudo sempre é uma grande e desafiadora luta.

Aru Lapolli
Enviado por Aru Lapolli em 29/06/2018
Reeditado em 03/11/2019
Código do texto: T6376883
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