Adolescente, sujeito de direitos?
De tantas coisas
tens sido chamado:
menor,
infrator,
inadequado.
Diz-se que és
sujeito de direitos
e não um objeto
a ser governado.
Mas teu verdadeiro nome,
"adolescente",
não é pronunciado.
O mito da oportunidade
municia o discurso
de teus supostos protetores:
Família,
Sociedade
e Estado.
Eles deveriam de ti cuidar
mas são os primeiros
a te abandonar.
Até quando serás
de tudo desprovido,
desencontrado?
E depois, punido,
por quem te deixa
desamparado?
Sempre foste invisível,
a não ser que sejas
investigado.
Teu conflito é com a lei,
que diz que precisas
ser consertado.
Prioridade absoluta?
Só das metas de abordagem
por “atitude suspeita”.
Ao existires,
do teu jeito,
és desde logo algemado.
És só um número,
uma estatística,
estás até faccionado.
Em uma guerra
que ninguém ouve,
vens sendo exterminado.
Teu destino anunciado,
desde o início, é morrer
ou ser aprisionado.
Até quando teus ditos protetores
estarão a encontrá-lo
já adulto
e encarcerado?
Este é um manifesto, um desabafo, sobre tudo que tenho presenciado na esfera dos direitos da Criança e do Adolescente, em que tudo sempre é uma grande e desafiadora luta.