ENTENDIMENTO

Entendo de labirintos, emboscadas, precipícios,

Toda sorte de vícios, solidões de jacintos.

Feito de dores, dissabores, coube-me viver abissalmente,

Conheço muito de mergulhos nas profundezas sem cores.

Entendo muito de gente, as silentes e as do barulho.

Entendo tudo o que a vida me nega...

Compreendo o fluxo dos não acontecimentos

E do que houve, também, o que me enverga

Como ramos diante de ventos.

Entendo de poemas que se despedem,

Que se despem e que pedem...

Pedem por novo alento, novo ardor,

Ousam clamar pelo agora

Sem usar os noves fora,

Poemas loucos para irem embora...

Camilo Jose de Lima Cabral
Enviado por Camilo Jose de Lima Cabral em 23/06/2018
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