Não sei, não vou pensar
Nuvens coloridas no crepúsculo...
Céus riscados de luz e sombra...
Minha voz sussurrando em surdina:
amor, o Sol nasce nas nossas varandas...
Não é sonho: é realidade!
Pele sedosa, falo baixinho,
teus cabelos compridos, um sonho:
pesadelo ao me acordar...
Teus olhos brilham na vaidade
da manhã, ao luar crescente, sem parar...
Teus gemidos anunciam coisas no teu olhar...
Leio teu amor nas entrelinhas...
Não sei, mas vou pensar...
Pela manhã as nuvens são uma avalancha
de cores e meu coração está a mil...
As flores molhadas me esperam...
O orvalho banha as pétalas...
As borboletas passeiam beijando as flores...
Sinto teu amor nas entrelinhas...
Não sei, mas vou pensar!
Há lágrimas que me fecham portas
nesse amor que nasceu certo com linhas tortas...
Há a criança de rua que vende bala
e leva as sobras enquanto os sinos dobram...
Há flores prisioneiras expostas num jarro
ornamentando o amor no quarto ou
flores desidratadas, tão lindas
mas apáticas enfeando a vida...
Ave Maria... as beatas rezam contritas
enquanto as velas derretem os pedidos...
O olhar que te dou te anima e teus lábios
aguardam o beijo que me torna quem sou...
Não sei, não vou pensar...