Talvez!
Deterioro-me no tempo
num processo que ao fim
será o tácito fim de mim.
Devolverei então a veste
que dá-me forma, corpo,
que emprestado resido.
E restarei resíduos, nada
a não ser pó, pois nunca
pertencerá nada a mim.
Nem a ti nada receberás
ao fim, eis que o teu fim
será igual ao meu fim.
Por quê ser assim então,
sê nada levamos, talvez
almas, juntos voarmos.
Nem nomes, nem títulos,
nem posses, nem bens e
será a mim o que tens...
Talvez!