FARPAS DE UM DIA SÓ

Aquele momento me sondara todo um passado.

Revirara os meus tédios, meus olhos e segredos.

Me tomara, de súbito, qual um corpo despojado

Num disfarce que se imbuíra entre meus medos.

Lavando, assim, toda aquela tarde nubla e vazia,

Onde o frenesi do céu me deixara outros sentidos:

- A revoada das aves que se esvaíram em agonia;

De prados relvados pela dor de um dia, agredidos.

Ah! Tão rude leito! O meu peito é espinho fatigado

Por entre os moribundos de um tosco ambiente

Que se esconderam ali, sob choros e um carteado...

Retirando melanomas daquelas crostas de feridas,

Feito um invólucro atroz - quase que delinquente -...

Num labirinto onde o intelecto se vira aprisionado.

***

©

Giovanni Pelluzzi

São João del-Rey, 06 de junho de 2018.

Giovanni Pelluzzi
Enviado por Giovanni Pelluzzi em 08/06/2018
Código do texto: T6359117
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.