FARPAS DE UM DIA SÓ
Aquele momento me sondara todo um passado.
Revirara os meus tédios, meus olhos e segredos.
Me tomara, de súbito, qual um corpo despojado
Num disfarce que se imbuíra entre meus medos.
Lavando, assim, toda aquela tarde nubla e vazia,
Onde o frenesi do céu me deixara outros sentidos:
- A revoada das aves que se esvaíram em agonia;
De prados relvados pela dor de um dia, agredidos.
Ah! Tão rude leito! O meu peito é espinho fatigado
Por entre os moribundos de um tosco ambiente
Que se esconderam ali, sob choros e um carteado...
Retirando melanomas daquelas crostas de feridas,
Feito um invólucro atroz - quase que delinquente -...
Num labirinto onde o intelecto se vira aprisionado.
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©
Giovanni Pelluzzi
São João del-Rey, 06 de junho de 2018.