Mirante
Cama mal arrumada tal qual o cabelo
Vida desajeitada tal qual a roupa
Sabe se lá o que se come
Sabe se lá o que se bebe
A casa é quase uma toca
De um animal qualquer
A garrafa d´água antes transparente agora é opaca
Como a vida
O único espelho são os vidros dos carros que quando param no semáforo se espia mas finge não olhar, para que não haja sonhos nem pesadelos
De dentro e de fora
A única coisa igual são os passos, como de qualquer mortal
Já ficou assim, meio que acertado e rotineiro
O pensamento, quando se tem, pode vagar um pouco por entre os desejos mais simples
Alguns desfiam palavras que são como semente que o vento leva e não acontece nada, ficam vagando até encontrar uma pedra e ali morrer pouco depois...
A única coisa igual são os passos, como de qualquer mortal
Só muda a direção
Como a vida, que as vezes muda o sentido das coisas
Não para todos
Não para nenhum
Para alguns, que pensam que é privilégio, mas no fundo ninguém sabe o motivo
O olhar segue o mesmo horizonte de todos, só não se sabe se ultrapassa o fim ou se simplesmente espera por ele...
*para os que muitas vezes fingimos não ver...
Scrittore 2013