Mirante

Cama mal arrumada tal qual o cabelo

Vida desajeitada tal qual a roupa

Sabe se lá o que se come

Sabe se lá o que se bebe

A casa é quase uma toca

De um animal qualquer

A garrafa d´água antes transparente agora é opaca

Como a vida

O único espelho são os vidros dos carros que quando param no semáforo se espia mas finge não olhar, para que não haja sonhos nem pesadelos

De dentro e de fora

A única coisa igual são os passos, como de qualquer mortal

Já ficou assim, meio que acertado e rotineiro

O pensamento, quando se tem, pode vagar um pouco por entre os desejos mais simples

Alguns desfiam palavras que são como semente que o vento leva e não acontece nada, ficam vagando até encontrar uma pedra e ali morrer pouco depois...

A única coisa igual são os passos, como de qualquer mortal

Só muda a direção

Como a vida, que as vezes muda o sentido das coisas

Não para todos

Não para nenhum

Para alguns, que pensam que é privilégio, mas no fundo ninguém sabe o motivo

O olhar segue o mesmo horizonte de todos, só não se sabe se ultrapassa o fim ou se simplesmente espera por ele...

*para os que muitas vezes fingimos não ver...

Scrittore 2013

Scrittore
Enviado por Scrittore em 30/05/2018
Código do texto: T6351050
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