A NOSSA SENHORA

Nossa Senhora está parada

Em minha frente com os braços abertos

Parece que ela quer me afagar

E me consolar dessa solidão

Nossa Senhora não está tecendo

Ela não irá se incomodar

Se eu me aproximar

Ela não se zanga com a aranha

Que tece um véu adjacente

Um subvéu ao lado

Do seu lindo véu branco

(a aranha deve ser aprendiz)

Se ela não se importa

Com a aranha que tece um subvéu

A Nossa Senhora dum submundo

Debaixo de um subcéu

E ela não importa mesmo

Nem com a mosca na sua testa

O que dirá do fitar dos meus olhos

E da minha humilde prece

Uma prece ignota

Mas ela, Nossa Senhora, não estranhará

Ela guardará tudo

No fundo do seu coração

Afinal, no coração de mãe

Sempre cabe mais uma prece

Ignota como a solidão

Que trago comigo

Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 27/05/2018
Código do texto: T6347832
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