A NOSSA SENHORA
Nossa Senhora está parada
Em minha frente com os braços abertos
Parece que ela quer me afagar
E me consolar dessa solidão
Nossa Senhora não está tecendo
Ela não irá se incomodar
Se eu me aproximar
Ela não se zanga com a aranha
Que tece um véu adjacente
Um subvéu ao lado
Do seu lindo véu branco
(a aranha deve ser aprendiz)
Se ela não se importa
Com a aranha que tece um subvéu
A Nossa Senhora dum submundo
Debaixo de um subcéu
E ela não importa mesmo
Nem com a mosca na sua testa
O que dirá do fitar dos meus olhos
E da minha humilde prece
Uma prece ignota
Mas ela, Nossa Senhora, não estranhará
Ela guardará tudo
No fundo do seu coração
Afinal, no coração de mãe
Sempre cabe mais uma prece
Ignota como a solidão
Que trago comigo