Que eu aprenda a fazer falta
Que eu aprenda a sentir e a fazer falta.
Que eu aprenda a sorrir de alegria
E a não fazer da tristeza meu caminho.
Que eu aprenda a chorar quando for preciso,
E a sorrir mesmo sem motivo.
Que eu deixe para trás as dores,
Mas que não deixe de aprender com elas.
Os amores que não são meus, que passem,
Mas que eu não esqueça a beleza da passagem.
Que eu ame com desenfado e deixe ir quando convinher.
Que eu nunca deixe de me impressionar com a palavra.
Que eu não permita que meu poeta me deixe,
Mas me permita protestar contra a tristeza,
E despertar minha efêmera natureza,
Que é feita, sobretudo, de palavra, poesia e beleza.
Que eu aprenda a sentir de tudo:
Rudeza, saudade e calma,
Sentir no peito o correr profundo
Do claro rio da minha alma.