Prece

Não tenho voz, mas vozes que ecoam e exigem resposta que estão vibrando nos corações dos que se importam...

São tantas lágrimas, que a solidão que antes era bem vinda agora é mero tambor de lamento...

O toque de bumbo que acompanha o féretro da humanidade perdida, no meio das chamas que queimam a empatia e o acolhimento...

Berros de dor de crianças que queimam em meio ao egoísmo e vaidades que buscam o poder...

Mães insandecidas de tanto chorar pelos corpos frios de seus filhos que não mais se levantarão...

Enquanto nobres em suas naves, longe demais da terra contemplam a paisagem como sinal de natureza abundante, proclamando a justiça divina, pela dor que não os toca, mas que trespassa o coração dos que caminham descalços nos cacos da vida.

Grita insano, grita que sua voz é pouca, e assim que aqui botares os pés novamente, não sei se haverá doze que te sigam...

Pois pode ser que eles tenham reagido e vindo a óbito no caminho...

E não te receberão com ramos, mas com porrete...

Pois é isso que a sua raça sempre toma...

A raça dos que permitem o amor amar...

E ainda assim eu te imploro...

Não nos abandones, mesmo que continuemos a te abandonar nas esquinas, nas prisões, na invisibilidade de cada dia.

Senhor, eu ainda quero acreditar e seguir teus passos, mesmo que eu não saiba caminhar e que assim seja.

Pierrot Gluton
Enviado por Pierrot Gluton em 22/05/2018
Código do texto: T6343486
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