Prece
Não tenho voz, mas vozes que ecoam e exigem resposta que estão vibrando nos corações dos que se importam...
São tantas lágrimas, que a solidão que antes era bem vinda agora é mero tambor de lamento...
O toque de bumbo que acompanha o féretro da humanidade perdida, no meio das chamas que queimam a empatia e o acolhimento...
Berros de dor de crianças que queimam em meio ao egoísmo e vaidades que buscam o poder...
Mães insandecidas de tanto chorar pelos corpos frios de seus filhos que não mais se levantarão...
Enquanto nobres em suas naves, longe demais da terra contemplam a paisagem como sinal de natureza abundante, proclamando a justiça divina, pela dor que não os toca, mas que trespassa o coração dos que caminham descalços nos cacos da vida.
Grita insano, grita que sua voz é pouca, e assim que aqui botares os pés novamente, não sei se haverá doze que te sigam...
Pois pode ser que eles tenham reagido e vindo a óbito no caminho...
E não te receberão com ramos, mas com porrete...
Pois é isso que a sua raça sempre toma...
A raça dos que permitem o amor amar...
E ainda assim eu te imploro...
Não nos abandones, mesmo que continuemos a te abandonar nas esquinas, nas prisões, na invisibilidade de cada dia.
Senhor, eu ainda quero acreditar e seguir teus passos, mesmo que eu não saiba caminhar e que assim seja.