Você me vê?

Queria ser vista como alma. Desnuda, pura, sem falha.

Seus olhos em mim se pousariam sem que sua face viesse a enrugar.

Queria ser vista como alma, suave e doce, sem ódio em ti despertar.

Sem lhe causar inveja, raiva, revide ou vontade de me retaliar.

Queria ser só alma clara, transparente, sem cores a repudiar.

Já que o translúcido é neutro quem sabe assim não me sentiria no não-lugar.

Queria ser alma para que pudesse lhe fazer sentir o amor que tenho pra te dar.

Com esse corpo é mais difícil, me desdobro nesse ofício, para não falhar

Pois ter um corpo num mundo que rejeita o diferente é penar

Queria, por isso, ser alma para não ser rejeitada por só querer amar.

Olham de cima a baixo, subjugam o que eu narro como vitimismo, subjetividade.

Queria ser alma para fazê-los sentir na alma o quão cegos estão, em verdade.

Queria ser alma, alma decomposta em luz, sem o peso da carne...

Alma, para lhe ter como um ser longe de toda essa insanidade.

Queria ser só alma, com consciência, desprovida do meu próprio ego.

Queria ser só alma, formada por todos, tida como um necessário elo.

Alma, alma... alma. Sem precisar sofrer para doar caridade e entrega.

Alma para amar a todos, até àquele que, por ódio, me renega.

01:05h 15.05.2018.

Maisalobo
Enviado por Maisalobo em 16/05/2018
Reeditado em 19/07/2020
Código do texto: T6338244
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