Eu sou o que sobrevive à mim
Tenho em mim uma legião de demônios que me puxam para o fundo enquanto nado desesperadamente para a superfície. Se eu sou o que sobrevive à mim, o que sobrevive à mim torna-se eu.
Sonhei com uma vida que nunca vivi, embora não tenha certeza se essa que vivo é real ou fruto de uma brincadeira maldosa de um organismo autossuficiente.
Sonhei com um mundo sem dor, onde os nascidos nunca desejaram morrer e os que morreram foram em paz. Sem medo do que vem depois. Sem medo do que os aguarda no fim da rua.
Certos dias são melhores que outros, mas sei que não me libertarei do que me acorrenta, pois as algemas que me prendem são feitas de realidade e a realidade, quando ultrapassa o individualismo, é a força mais cruel que existe.